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26 de fev. de 2014

POMBAGIRA MARIA PADILHA


"Maria Padilha traz
no cordão linda figa de ouro,
Saravá, moça bonita da Umbanda,
Sua proteção é um tesouro".

Maria Padilha é a mais popular das pombagiras, conhecida por sua eficiência e rapidez. Encarna o arquétipo da popular, da mulher da rua, literalmente. 

Combativa, determinada, mas também passional e acolhedora com quem mereça sua atenção, uma beleza deslumbrante com olhos flamejantes. Jamais um homem foi capaz de resistir ao perfume de seus cabelos negros, aos seus lábios vermelhos.
Apresenta muitas manifestações, cujo arquétipo varia segundo a linha em que ela caminha. 

Isto também descreve um certo tipo de mulher, aquela que exige respeito, e cujo comportamento é majestoso, mesmo que seja uma mulher pobre ou da classe trabalhadora. Maria Padilha também é um exemplo perfeito de como "novos espíritos" nascem: lendas cresceram em torno da mulher real, que tinha a reputação de feiticeira, e dentro de cem anos, bruxas em Espanha e Portugal estavam usando seu nome e invocando seu espírito para ajudá-las em seus feitiços. 


Ganhou a alcunha de “Grande Cortesã” por causa de sua vida na corte de Sevilha, onde entretinha a todos com alegria, charme, sedução, onde arriscou-se, pela primeira vez, em práticas mágicas para conquista amorosa.

Escapou a um processo da Inquisição, foi banida em Angola, onde aprofundou suas práticas graças aos feiticeiros locais; tornou-se famosa no Brasil anos depois, seu mito de Rainha do Candomblé ascendeu rapidamente nas noites quentes da Bahia. 


Às vezes é chamada de "Rainha sem coroa", por ter sido rainha do coração do rei Pedro I de Castela, o Cruel.

Maria de Padilla nasceu em lugar não determinado da Espanha, em 1334, filha de Juan Garcia de Padilla e Maria Gonzalez de Hinestrosa; pertencia a esta nobre família de Castela, originários de Burgos. As crônicas de sua época a descrevem como “muito formosa, de bom entendimento e pequena de corpo”.

Um encontro fortuito entre ela e o rei Pedro I de Castela faz com que se conheçam e nunca mais se separem, apesar das dificuldades e da peculiar história de amor que viveram. Diz-se que teria sido dama de companhia de D. Maria, mãe de D. Pedro I de Castela.

O rei Pedro I “o Cruel” chegou a casar-se duas vezes enquanto mantinha Maria como sua amante oficial, o que lhe concedia alta posição nos Reais Alcazares de Sevilha, residência oficial da dita dama, onde, com sua pequena corte, repartia notáveis privilégios para seus familiares e conhecidos, o qual foi causa de descontento de alguns nobres e um dos motivos pelos quais se lutou na Guerra Civil Castelã, entre o rei e seu irmão bastardo Enrique de Trastámara.

Maria Padilha deu quatro filhos ao rei, a princípio ilegítimos: Beatriz em 1353, Constanza em 1354, Isabel em 1355 e Alfonso em 1359. Do último parto é mais que provável que ficassem sequelas ou que a peste fizesse perecer tanto a mãe como ao herdeiro. Maria Padilha faleceu em julho de 1361 e seu filho Alfonso em 1362.

Após sua morte, o rei Pedro I a chorou tanto que, um ano depois, nas cortes celebradas em Sevilha, declarou diante os nobres que Maria Padilha havia sido sua primeira e única esposa, e “teria casado com D. Maria por palavras de presente, ocultando esse casamento para evitar que alguns de seu reino se voltassem contra ele”, e que este matrimônio secreto se realizou diante o Abade de Santander, conseguindo que o arcebispo de Toledo declarasse nulos os dois matrimônios anteriores, pelo que as cortes ratificaram sua afirmação declarando-a rainha e legitimando sua descendência.

Por isso seu corpo foi transferido para a Capela dos Reis da Catedral de Sevilha, onde também se encontra enterrado o rei, sendo declarado herdeiro o filho de ambos, Alfonso.

Alguns dizem que ela teria morrido de tuberculose, o que lhe concedeu também poderes de cura, podendo ser invocada para curar qualquer tipo de doença. Seu orgulho fez dela protetora absoluta das mulheres diante os abusos dos homens, da burocracia e da dificuldade que uma mulher pode encontrar ainda hoje.




A força da falange de Maria Padilha

Apegada à matéria e à seus prazeres, como a paixão, Maria Padilha é chefe de falange na linha de Exu, atuando como Exu Mulher lado a lado dos Exus. 
Na Umbanda, a verdadeira especialização de Maria Padilha, no entanto, é a solução de problemas relativos a vida conjugal, no sentido de união ou separação; por isso é que em muitos pontos (cânticos) é celebrada como a verdadeira “mulher de sete maridos”, um para cada dia da semana, e, dependendo da linha em que se encontre, escolhe um companheiro diferente para trabalharem juntos.

 Há muitas trabalhadoras que ajudam em sua missão espiritual; afinal, é uma poderosa Rainha. Sensual e às vezes sutil, gosta de utilizar armas pequenas, como as lâminas sevilhanas, facas curtas, mas afiadas. 
Poderosa em suas mirongas (feitiços) de amor, através deles, nos terreiros, Maria Padilha consola aqueles que perderam um grande amor. Suas orações são fortes e seu nome é poderoso: basta chamar por ela, que ela virá.

 Muda a preferência de oferendas segundo a linha em que trabalha, mas geralmente gosta de rosas vermelhas (pois é apreciadora da beleza), com a qual enfeita o cabelo ou o decote; de cigarrilha, anisete ou champagne; ama o luxo, o dinheiro, os homens, as joias, os jogos de azar, a boa vida, a dança e a música; tem um porte elegante, majestoso, orgulhoso e feroz. 

 Mostra-se como uma jovem e belíssima mulher de longos cabelos negros, olhos cor de mel, seios pequenos e pele morena. Independente das diferentes idades que possa apresentar, o seu fascínio permanece imenso.






A Umbanda fez desta pombagira agente karmica por excelência, uma entidade capaz de expiar o mal cometido numa vida anterior, e de permitir, assim, uma maior evolução espiritual. Isso não significa que se possa falar com ela regularmente, para cada tipo de questão, para o bem ou para o mal.

Seu inconfundível axé une-se a múltiplas vibrações espirituais, portanto encontraremos diferentes qualidades de Maria Padilha com diversos modos de comportamento.