25 de fev. de 2014

POMBAGIRA CIGANA


♪ "Existem duas estradas para você, uma é de espinhos e a outra é para escolher, ó Cigana! Ó Cigana! Sei que você não me engana!"



"Cigarrilha na boca,
uma gargalhada;
nas mãos delicadas
ela traz uma rosa
Pombagira Cigana
é a mais formosa
Ela é bonita, ela é cigana, ela é mulher!"

Na cultura cigana, a mulher tem importância fundamental, são as mulheres as encarregadas do sagrado e, sempre do sexo feminino, são a maioria das entidades que povoam o panteão cigano.

A Pombagira Cigana é a síntese de todos os espíritos ciganos, entidade de muitas manifestações, trazendo consigo praticamente todo o conhecimento esotérico desse povo. Ela não é exatamente "cigana"; é uma entidade envolvida com o conhecimento magístico dos ciganos.
Cheia de fogo, alegria e liberdade, estas são as coisas com as quais ela trabalha e que ela, em si, personifica, e as entidades de sua falange apresentam os mesmos traços. Ela é cheia de vida e sorrisos, muito conectada com um jeito leve de ver as coisas, e muito otimista.

Pombagira Cigana, essencialmente, encarna o arquétipo daquelas jovens que, por não conformidade, por fome de liberdade ou por falta de escrúpulos, vão contra as regras sociais. Nesse aspecto, Pombagira é muito semelhante a Iansã, todavia, pela vaidade e malícia que a distingue, tem muita ligação com Oxum.

Fascinante, misteriosa, atrevida, muito alegre, dona de uma risada estridente e contagiante. Não suporta nenhuma convenção - ama a liberdade e favorece a libertação de qualquer tipo de obsessão. Extraordinária vidente, Pombagira Cigana é capaz de transferir este dom aos médiuns que a incorporam, que possam dar voz a seus conselhos e sábias previsões (muitas vezes durante a consulta lê a sorte nas cartas), não surpreendendo, considerando a reputação dos ciganos como adivinhos e outras coisas associadas com a concepção popular de um cigano: música, dança, arte, jogatina, vivendo à margem da sociedade ao invés de ser parte da engrenagem—o estilo de vida boêmio, em resumo. Também trabalha para o amor e assuntos sentimentais.


♪ "Mandei fazer um baralho de ouro só prá cigana jogar. Joguei no rei e parei no ás, quero ver você fazer o que a cigana faz."

Apresenta-se como cigana típica: lenço na cabeça, argolas, muitas bijuterias, vestida de vermelho com detalhes em dourado ou amarelo, uma rosa no decote, pequeno punhal com pedras vermelhas escondido sob a saia. Fala espanhol ou "portunhol".
É representada com um pandeiro ou cartas na não; geralmente lê a sorte com o baralho comum ou o Petit Lenormand (popularizado como 'baralho cigano').



"Cigana linda, que és dona da natureza, ardilosa no falar, de olhar penetrante que busca o interior de nossa alma: as diversas encarnações te levaram a conhecer os mistérios, a magia do mundo espiritual e, em tua evolução, procuras nos ajudar.

Quantos pedidos e clamores te fazem no dia-a-dia que, com o estalar dos dedos, qual castanhola harmonizada, ou o tilintar de tuas moedas, atendes, dando solução para os problemas mais difíceis.

Rindo encantas, és atração mais forte que a própria luz. Em noites enluaradas, ao som mágico dos violinos, te apresentas em volta da fogueira brilhante, com a chama do amor e da verdade.

Em nossas mãos buscas, pelas linhas traçadas, desvendar o que o porvir nos assegura e, em tuas cartas, nos orientas no caminho a seguir; porém, quando a ti estamos ligados, repentinamente mudas de direção, esquecendo-te que és um oásis no deserto e por isso te pedimos: Cigana, deixa apenas por um momento de ser nômade e fica junto a nós".


"Num acampamento eu vi
uma linda cigana
que sorria para mim
Girando sempre a dançar
quanto feitiço tinha no olhar
Tão bela e tão faceira
Essa cigana, na verdade,
é feiticeira".


♪ "Bem que eu lhe avisei que você não jogasse essa cartada comigo, você apostou no valete, e eu apostei na dama, amigo você não me engana, pomba gira cigana é pomba gira de fama".


Quando traz um pandeiro, age sobre o corpo e o espírito.
A alegria, o otimismo e o apetite pela vida, que caracterizam a cultura cigana, são suas características integrantes.

Sua vibração é uma explosão de audácia e simpatia, muito indicada às pessoas que parecem sempre mal-humoradas e lutando para construir relacionamentos. Ela nos faz superar os momentos difíceis da vida e acompanha-nos na juventude despreocupada, com o frescor de sua alegria.

O ensinamento que essa Pombagira transmite e o convite que faz é: divirta-se, aproveite a vida ao máximo, e nunca desanime diante dos problemas.


O aspecto negativo de seu arquétipo é uma completa indiferença para com os outros, o divertir-se egóico a todo custo, que leva a um distanciamento progressivo da realidade e dos valores.

Os que são atraídos por sua beleza, deixam-se seduzir por seus encantos e falsas promessas.

O dano que o "vício" - simbolicamente expresso na Pombagira - pode causar, deve ser um aviso a todos os que entram em contato com algumas entidades espirituais. Os efeitos que essas energias têm sobre as pessoas mais fracas e menos preparadas são sempre devastadores e perigosos para o corpo e a alma.

É invocada para resolver problemas judiciais, burocráticos e sentimentais; destrava o que estiver estagnado e abre ou fecha os caminhos para o amor, é excelente para fazer uniões com pessoas mais jovens; no rito amoroso, amarra ou torna impotente a pessoa visada, dominando-a totalmente. Raros são os homens que têm força de rebelar-se contra o seu poder. Atrai clientela para cartomantes e usuários de oráculos. 




Sua vibração atua em todos os lugares, mas seu local de axé principal são as estradas de terra sem intercessões.

Oferendas a ela são feitas em locais frequentados por ciganos quando encarnados: estradas, sob árvores frondosas, campinas.

Oferenda-se a esta Pombagira através "da troca", barganhando.

Nas sextas-feiras de Lua Cheia, recebe como oferenda: 

velas e fitas coloridas (exceto preta, marrom e roxa), principalmente as vermelhas; champagne comum ou rosé; martini branco; lenço vermelho, amarelo ou estampado (especialmente com rosas) em cores vivas; rosas vermelhas e amarelas (sem espinhos); flores do campo; adornos dourados e com moedas; brincos de argolas grandes; perfumes de aroma floral ou adocicado; batom vermelho; incenso floral; cigarrilha; baralho; pandeiro enfeitado com fitas. 
Tudo sempre acompanhado por cartas de baralho que representem o que você deseja conseguir. 

"Eu quero ler seu futuro
seu passado e seu presente
Sou Pombagira Cigana
Que veio lá do Oriente"


"Não viva de aparências,
Elas mudam.
Não viva do passado,
Ele não volta.
Não viva de mentiras,
Elas não mudam a realidade.
Não viva pelos outros, viva por você.
Porque você merece todo amor do Universo".


ASSENTAMENTO DE POMBAGIRA CIGANA DA ESTRADA 
(Apenas um exemplo, pois cada entidade tem seus elementos específicos):

1 ALGUIDAR;
 1 FERRAMENTA;
 ARGILA;
 1 PEDRA DE ENCRUZILHADA;
 TERRA (PÓ RECOLHIDO) DE: ENCRUZILHADA, PRAÇA, 
7 ESTRADAS,  ACAMPAMENTO CIGANO, COMÉRCIO OU AGÊNCIA BANCÁRIA, MATA, AVENIDA; 
AÇÚCAR MASCAVO; 
CANELA EM PÓ; 
CRAVO DA ÍNDIA EM PÓ; 
PÓS DE PEMBA PRETA, VERMELHA, AMARELA E AZUL;
 PÓ DE CARVÃO; 
PÓS DE FERRO (PROTEÇÃO), CHUMBO (PROTEÇÃO; CONSERVAÇÃO DOS PEDIDOS) E COBRE (ATRAÇÃO DE SENSUALIDADE, PRAZER E SORTE); 
PÓ DE UMA MAÇÃ TORRADA; 
7 TIPOS DE PIMENTA; 
7 TIPOS DE FOLHAS DE EXU; 
7 FOLHAS DE ABRE CAMINHO; 
7 TIPOS DE BEBIDAS DOCE; 
AZEITE DE DENDÊ; 
MEL; 
AZOUGUE (DOMÍNIO DA MENTE E IMPULSOS QUE ESCRAVIZAM); 
CASCAS DE UMA MAÇÃ; 
SEMENTES DE MAÇÃ; 
SEMENTES DE UVA  ROXA; 
FAVAS: DE POMBAGIRA, DA SORTE, ALIBÉ, ABERÊ, DE EXU (OLHO-DE-CABRA), GARRA DE EXU; 
1 ROSA VERMELHA; 
PÉTALAS DE 7 TIPOS DE FLORES DIFERENTES;
 1 TREVO DE 4 FOLHAS; 
21 CARTAS DE BARALHO; 
2 DADOS; 
21 MOEDAS (7 ATUAIS, 7 ANTIGAS E 7 ESTRANGEIRAS); 
1 CÉDULA DE DINHEIRO ESTRANGEIRO;
 JOIA DE OURO (FORÇA SOLAR ATRATIVA DE RIQUEZA E GLÓRIA); 
JOIA DE PRATA (FORÇA LUNAR PARA CONEXÃO DA MENTE DO MÉDIUM COM A ENERGIA DA ENTIDADE; INTUIÇÃO E PROTEÇÃO); 
21 BÚZIOS ABERTOS; 
1 FERRADURA; 
1 IMÃ; 
7 PUNHAIS (PROTEÇÃO E SOTERRAMENTO DE ENERGIAS NEGATIVAS); 
21 PREGOS; 
7 CRISTAIS COLORIDOS (ÁGATA DE FOGO, TURMALINA NEGRA, PIRITA, PEDRA DA LUA, CITRINO AMARELO, ESMERALDA, LÁPIS LAZULI); 
7 IDÉS COLORIDOS; 
BIJUTERIAS DOURADAS; 
BATOM VERMELHO; 
PERFUME FEMININO; 
ESSÊNCIAS DE CANELA, ROSA E ALMÍSCAR;
 ESPELHINHO REDONDO; 
LEQUE E CASTANHOLAS (SE ELA FOR ESPANHOLA); PANDEIRO COM 7 METROS DE FITAS ATADAS: LILÁS, VERMELHA, AMARELA, LARANJA, AZUL, ANIL E VERDE.   


A sua tenda está firmada na estrada, 
A sua vida tem história pra contar! 
Ela não tem paradeiro, 
Anda de lá pra cá, 
Traz uma rosa na mão,
 Para lhe ofertar! 
Traz um baralho na mão, 
Para lhe ajudar! 



Conta-se que corria o século XVII…Ao sul da velha Europa chegavam os primeiros acampamentos de ciganos vindos do Oriente. Imigrantes à força, dado que foram praticamente desterrados por seu estilo de vida e por serem considerados feiticeiros (o que não deixa de ser verdade). Um povo alegre, amante da natureza, seu teto era o céu. Gostavam de cantar e dançar. Suas festas habituais eram alegradas pelo som de castanholas, violões, violinos e pandeiros.
Entre a deslumbrante beleza das ciganas, uma em especial sobressaía; uma esbelta morena de cabelos negros ondulados e olhos claros, que emolduravam a beleza de seu rosto.
Era a única filha do barô (chefe) do acampamento, uma jovem alegre e herdeira da sabedoria de seus ancestrais, sempre disposta a ajudar sua gente no que fosse necessário.
Em torno de seus vinte anos, notou que seu coração pulsava diferente, o amor se havia instalado nele. O que não imaginava é que esse amor se converteria no calvário de sua vida. Apaixonada por um rapaz não-cigano, e correspondida, deviam, por essa razão, manter seu amor oculto, uma vez que aquela união jamais seria aceita.
Assim, passaram dois anos amando-se às escondidas, aproveitando o pouco tempo que tinham para estar juntos.
Ao ficar ciente daquela relação, seu pai fez desaparecer o rapaz...
A partir de então a vida da ciganinha tornou-se um tormento.
Seus olhos já não brilhavam, o sorriso havia se apagado de sua face. 
Em vão, buscava uma resposta, mas ninguém a dava... 
Certa noite, despertou repentinamente e, como que guiada por um impulso ou intuição, dirigiu-se ao bosque espesso. Chegou ao pé de uma árvore que foi testemunha dos mais belos momentos de sua vida e lá sentiu seu mundo desmoronar. Ao pé da velha árvore, onde começou a construir sonhos de uma vida cheia de amor e felicidade, jazia, sem vida, o corpo de seu amado. 
Embargada pelo pranto e a incerteza, se deixou cair abraçando o corpo do moço a quem havia jurado amor eterno.
Não sendo suficiente semelhante dor, viu, cravado no peito de seu amor, o punhal de seu pai. Sem hesitar, cega pela dor, arrancou o punhal, olhou o céu por um instante, e tirou sua própria vida…
A tristeza caiu como um manto sobre aquele acampamento.
Já não havia alegria, nem se escutavam violinos e pandeiros, somente o som de lamentos.
Não encontraram os corpos, apenas o punhal atravessando dois corações talhados na velha árvore…
Por ter se suicidado, o espírito daquela cigana jamais pode encontrar o espírito de seu amado no mundo espiritual, e assim, para obter esse reencontro, a cigana volta à Terra, ajudando a unir aqueles que verdadeiramente se amam, trabalhando para que alcancem a felicidade possível no mundo material.